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Conheça Emi Parente: a mulher que fundou um novo caminho entre humanos e animais, e transformou vidas com afeto, ciência e escuta

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No Brasil, há histórias que parecem ter sido escritas para desafiar o senso comum e abrir novos mundos. A de Emi Parente é uma delas — e ela começa com uma paixão: os animais. Mas não se trata de amor romântico ou idealizado. Trata-se de ciência, de ética, de transformação social profunda. Emi é fundadora do PATAE – Programa Alice Terapia Animal Educacional, uma iniciativa pioneira que une educação, saúde mental, inclusão e proteção animal por meio das Intervenções Assistidas por Cães.

Há mais de 20 anos, ela ousou sonhar com uma sociedade onde cães e humanos se curam juntos. E para isso, não bastava amor — era preciso construir pontes sólidas entre afetividade e método. Formada em Etologia Animal, com especializações em Intervenções Assistidas por Cães (EUA) e Behaviorismo (Oxford), Emi representa o Brasil em instituições internacionais como o Institute for Human-Animal Connection, o Oxford Centre for Animal Ethics e o renomado R.E.A.D. (Reading Education Assistance Dogs).

Seu percurso, no entanto, não foi simples. Quando começou a propor terapias com cães, pouco se falava sobre isso no país — e menos ainda se compreendia o papel dos animais como seres sencientes e agentes terapêuticos ativos. Enfrentou resistência institucional, ceticismo técnico e a falta de regulamentação. A solução? Estudar, ouvir e provar: hoje, sua metodologia é reconhecida e validada internacionalmente, aplicada em escolas, hospitais, abrigos e centros de reabilitação por todo o Brasil.

Dois projetos sintetizam sua liderança e impacto: o primeiro, no Instituto Nacional do Câncer (INCA), onde cães certificados oferecem conforto emocional a pacientes adultos em cuidados paliativos. O segundo, na Casa Ronald McDonald, atende crianças em tratamento de câncer, promovendo adesão ao cuidado, alegria e acolhimento. “Nosso trabalho é sobre presença, escuta e dignidade. O cão não julga, ele só ama. E é nesse vínculo que a cura começa”, explica Emi.

Sob sua liderança, o PATAE já formou mais de 120 duplas de intervenção, criou protocolos éticos e defende a proteção animal como eixo central, não como adereço. “Os cães não são ferramentas terapêuticas. São sujeitos. Têm vontades, limites e direito ao bem-estar. E é isso que nos torna pioneiros: o respeito absoluto à senciência”, afirma.

O impacto social é imenso. Crianças neurodivergentes, antes silenciadas em instituições, encontram nos cães espaços de liberdade e expressão. Idosos em fim de vida redescobrem o afeto e a presença. Famílias vulneráveis são acolhidas por ações que integram cuidado emocional e educação. E os animais, por sua vez, são vistos, respeitados, protegidos.

Emi também é liderança ativa em fóruns globais. Participa de conselhos, redige diretrizes internacionais, colabora com o avanço de políticas públicas para regulamentar as Intervenções Assistidas por Animais e integra movimentos como o Grupo Mulheres do Brasil. Sua presença em espaços de poder é marcada pela coerência entre ação e discurso: ela lidera com escuta ativa, dados, afeto e inovação responsável.

E falando em inovação, Emi está à frente de um projeto inédito no Brasil: o primeiro curso online com certificação internacional para cães de serviço, destinado a famílias inclusivas. “Queremos garantir autonomia, acessibilidade e apoio emocional a quem mais precisa, sem elitizar o acesso ao cuidado”, explica.

Nos próximos anos, ela pretende expandir a formação ética e técnica de profissionais em todo o país — especialmente educadores, protetores, terapeutas e agentes públicos — promovendo uma rede nacional de cuidado humanizado e interespécie. “Cuidar de um cão com respeito é também cuidar do outro com humanidade”, defende.

Mas Emi vai além. Ela quer ver mães de crianças atípicas, mulheres em tratamento oncológico, cuidadoras invisibilizadas ocupando os espaços de decisão. “Elas são a espinha dorsal do cuidado na nossa sociedade. Precisam ser ouvidas, vistas, respeitadas — e incluídas nas políticas públicas que desenham o nosso futuro”, diz com firmeza.

A missão da Emi Parente não cabe em uma biografia. É uma convocação. Ela nos convida a reaprender a sentir, a reconhecer os animais como companheiros de jornada, e a transformar o cuidado em ferramenta de poder político e social.

📍 Esta matéria faz parte da editoria “Mulheres que Inspiram” do portal Mulher em Pauta, que destaca trajetórias de mulheres que fazem a diferença nos espaços públicos e privados de poder e decisão. Lugar de mulher é aqui.


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